Uma parte importante da história de Araras está mais segura agora que terminou um trabalho inédito encomendado pela Câmara Municipal. Ficou pronto após mais de 10 meses de restauro, o primeiro livro de Atas do Legislativo, um compêndio das decisões tomadas em sessões desde 26 de agosto de 1.872. São decisões que envolvem a própria formação da cidade, que tinha sido fundada em 1.862 e emancipada politicamente apenas um ano antes, em 1.871.
Destroçado, o livro foi encaminhado no ano passado pelo diretor administrativo Sérgio De Lollo, por determinação do presidente da Câmara Irineu Maretto, para um dos mais famosos restauradores do Brasil, Tércio Gaudêncio, que tem uma empresa especializada na recuperação de documentos de valor histórico e cultural. “Foi uma forma de homenagearmos Araras pelos 150 anos de fundação”, disse Maretto à época.
Ao custo de R$ 17,9 mil, o livro teve página por página, além da capa, revitalizados. As primeiras páginas deram mais trabalho e apresentaram resultado menos satisfatório, porque segundo Galdêncio explicou à Câmara, a tinta utilizada para escrever era à base de carvão.
As páginas receberam cobertura especial, uma a uma, o livro foi higienizado para ficar livre de fungos e bactérias acumuladas ao longo de tantos anos.
Além da nova capa, o documento ganhou também uma caixa especial, para acomodá-lo na posição horizontal, mais protegido de oxidação e deformações.
Em 1883, livro já estava danificado
Entre os lances curiosos dessa empreitada, o fato de a primeira página do livro ter sido localizada colada junto da contracapa. E também uma inscrição assinada por Francisco Antonio Leite, um dos pioneiros à frente do Legislativo local e um dos políticos mais influentes da época, que em 1883 comunica que a Câmara abriria outro livro de atas, porque aquele estava “bastante estragado”, já naquela época.
Os registros das decisões tomadas naqueles tempos trazem assinaturas de figuras emblemáticas da história de Araras, tais como os irmãos Bento e José de Lacerda Guimarães (os barões de Ararsas e de Arary, respectivamente), além de Martinho Prado Jr. (Martinico Prado), Jorge de Aguiar Whitaker e padre Joaquim Franco de Camargo, entre outros.
A Câmara possui outros livros antigos e documentos com valor histórico para a cidade e que precisam de restauro. Mas ainda não há informações sobre se esse material continuará sendo encaminhado para recuperação.
Fonte: Tribuna do Povo